Terminados
os estudos elementares na localidade onde vivia, seguindo as pegadas dos irmãos,
Arcangelo foi matriculado no ginásio de Lovere. Em 1664, com 18 anos, entrou no
seminário de Bréscia, onde estudava seu irmão padre Júlio.Justamente nessa época
sofreu um acidente que o tomou coxo para toda a vida. Em 1870, aos 24, anos foi ordenado
sacerdote. Eram os tempos da unidade da Itália e das tensões entre Estado e Igreja,
caracterizados por uma grande pobreza do povo, por contradições políticas e pelas
primeiras tentativas de industrialização; no entanto, foram tempos de grande caridade
cristã e de muita religiosidade. Padre Arcangelo iniciou o seu ministério tendo ficado
doente durante un ano que o obrigou a ficar junto da familia.
De 1871 a 1873 foi vigário-cooperador em
Lodrino, pequena aideia de montanha, e depois pároco no santuário de Santa Maria della
Noce, pequena localidade de Bréscia. Em ambas as paróquias foi também professor
primário. Sua atenção ao povo emerge desde os primeiros anos de ministério
sacerdotál: quando, devido a uma enchente, muitos paroquianos ficáram sem casa,
conseguiu organizar na casa paroquial um serviço que fornecia 300 refeições diárias e
providenciou abrigo para os flagelados.
Em 1885 entrou em Botticino Sera como
vigário-cooperador. Dois anos depois, já com 41 anos, foi nomeado pároco da mesma
igreja, onde celebrou os seus vinte e cinco anos como pároco, antes morrer, no dia 20 de
maio de 1912. Os anos vividos em Botticino foram, sem dúvida, os mais fecundos da vida do
padre Tadini. Ele amavã os seus paroquianos como filhos, e não se poupava em nada para
que aquela porção do povo de Deus, entregue aos seus cuidados de pastor, pudesse crescer
humana e espiritualmente. Fundou ao corai, à banda de música e a várias irmandades;
restruturou a igreja; oferecia a cada categoria de pessoas a catequese mais adequada,
cuidava da liturgia.
Tinha uma atenção especial pela
celebração dos Sacramentos. Preparava a homilia tendo presente a Paiavra de Deus e a
caminhada espirituál do seu povo. Quando falava do púlpito, todos ficavam admirados com
o cálor e a força que se desprendiam das suas paiavras. Seus cuidados pastorais se
dirigiam sobretudo ás novas formas de pobreza. Era o tempo da primeira revolução
industriál. Seguindo o exemplo de outros sacerdotes, padre Tadini fundou em Botticino a
Associação Operária de Socorro Mútuo, que garantia aos operários um subsídio em caso
de doença, acidente de trabalho, invalidez ou velhice.
Entre seus paroquianos, eram as jovens
justamente por serem jovens e mulheres quem mais sofriam com a insegurança e a
injustiça. Exploradas, espremidas como limôes, dificilmente conseguiam constituir
uma família e educar os próprios filhos. A elas padre Tadini doava grande parte de suas
forças. Solicitado pela "Rerum Novarum" do Papa Leão XIII (1891),
interpretando os sinais dos tempos, progetou e construiu uma fiação, empregando nisso
toda a sua herança familiar. Em 1895 a flação foi completada com estruturas e
maquinário moderno.
Três anos depois, com um empréstimo,
adquiriu a casa próxima da fabrica, para fazer ali um pensionato para as operárias.
Tendo em vista a educação dessas jovens, fundou, não sem grandes dificuldades, a
Congregação das Irmás Operárias da Santa Casa de Nazaré. Essas entram nas fábricas,
para trabalhar junto com as outras moças; ocupam-se das jovens compartilhando o peso e as
tensões do trabalho, e as educam com o exemplo, ganhando o próprio sustento no mesmo
banco de trabalho.
Às Irmãs Operárias e às famílias,
padre Tadini aponta como modelo Jesus, Maria e José que, no silêncio e no escondimento,
em Nazaré, trabálharam e viveram com humildade e simplicidade. As Irmãs e às jovens
trabalhadoras dá como exemplo Jesus, que não somente sacrificou a si mesmo sobre a cruz,
mas antes, durante 30 anos, não se envergonhou de usar os instrumentos de carpinteiro, de
ter as mãos cheias de caios e a fronte molhada de suor.
Seu amor de pai e suas obras fazem com que
os trabaihadores compreendam que o trabalho não é um castigo; ele é o lugar onde o
homem é chamado a realizar-se como pessoa e como cristão. Mais ainda: se aceite com seu
peso e suas inevitáveis dificuidades, permite ao homem cooperar na redenção e toma-se
tempo de união com Deus. Com uma saúde tão frágil e coxeando de uma perna, onde foi
que padre Tadini encontrou a força para fazer tudo o que fez? A resposta está na sua
íntima e constante união com o Senhor, sustentada pela penitência e pela oração.
Dormia em média cinco horas por noite,
alimentava-se apenas de sopa, verdura crua, tisana de aveia e fruta. Seus paroquianos o
viam durante horas diante do Sacrário, imóvel, de pé - não se podia ajoelhar -
completamente absorto na contemplação de Deus. Viam-no passar pelas ruas sempre com o
terço na mão. Sua confiança na Providência era ilimitada; nas situações de maior
dificuidade, brilhavam pela sua humildade e pela sua obediência aos superiores.
Quando, aos 66 anos, padre Arcangelo Tadini
concluiu a sua vida terrena, no dia 20 de maio de 1912, a comunidade paroquiál de
Botticino percebeu que uma luz se apagara. Era a vigília da primeira guerra mundial, e se
preparava um futuro tenebroso para a fé, para a paz e para a justiça.
Seu testemunho foi forte e repleto de obras
de caridade. No seu ministério todos tinham visto um mestre de vida espiritual, mas de
forma silenciosa, quase escondida e, justamente por isso, mais credível. Seu ministério
sacerdotal foi fonte de vida e de graça. O povo simples, como também as Irmãs, que
vivem com espírito sobrenaturál, chamam a tudo isso "santidade ".
Com a Beatificação de padre Arcangelo
Tadini, o Papa João Paulo II oferece como exemplo aos sacerdotes, aponta-o às famílias
como intercessor, e o dá como protector aos trabalhadores. |